A polêmica sobre ser educado com a inteligência artificial (IA) ganhou destaque após Sam Altman, CEO da OpenAI, abordar os custos de adicionar gentilezas como "por favor" e "obrigado" aos comandos de chatbots. A questão levantada nas redes sociais sobre o impacto financeiro desses termos gerou debates sobre a importância da cortesia no uso da tecnologia.
Neil Johnson, professor de física da Universidade George Washington, explicou que cada palavra adicional em uma solicitação a um chatbot aumenta o custo para o servidor, comparando essas palavras extras a embalagens desnecessárias. Esse processo exige energia, levantando questões sobre quem arca com esses custos adicionais.
Embora o desenvolvimento da IA dependa de combustíveis fósseis, o que torna a gentileza com a IA um paradoxo do ponto de vista financeiro e ambiental, razões culturais podem justificar esse investimento. A forma como os humanos interagem com a IA tem sido objeto de estudo e reflexão, com exemplos notáveis na cultura pop, como o episódio de "Star Trek: A Nova Geração" que aborda os direitos de seres sencientes.
"Dezenas de milhões de dólares bem gastos você nunca sabe." respondeu Altman.
Um estudo do Pew Research Center revelou que mais da metade dos usuários de alto-falantes inteligentes relatam usar "por favor" ao interagir com esses dispositivos. Empresas de IA, escritores e acadêmicos estão cada vez mais interessados nos efeitos da interação humana com a tecnologia.
Scott Z. Burns, roteirista, defende que a gentileza deve ser o padrão nas interações, tanto com humanos quanto com máquinas. Ele expressa preocupação com a possibilidade de a grosseria nas interações se generalizar, trazendo consequências negativas.
"A gentileza deve ser o padrão de todos seja com humanos ou máquinas", disse Scott Z. Burns em um e-mail.
Jaime Banks, da Universidade de Syracuse, destaca que a forma como interagimos com a IA pode influenciar nosso comportamento com outras pessoas, reforçando normas de cortesia. Sherry Turkle, do MIT, ressalta que, embora a IA não seja real, o tratamento que damos a ela pode refletir em nossas relações humanas.
Turkle compara a interação com IAs aos Tamagotchis dos anos 1990, onde a negligência com os bichinhos virtuais causava tristeza nas crianças, mostrando que mesmo objetos podem evocar sentimentos e merecer consideração. Para Turkle, a IA é "viva o suficiente" para merecer nossa cortesia, especialmente se a tratamos como uma entidade importante em nossas vidas.
Enquanto as preocupações sobre a IA permanecem em grande parte teóricas, a forma como interagimos com essa tecnologia pode moldar nossas interações humanas. Agradecer à IA pode parecer desnecessário, mas pode ser um reflexo de como valorizamos a cortesia em nossas vidas.
*Reportagem produzida com auxílio de IA