O coronel Alexandre Mendes, Comandante-Geral da Polícia Militar, criticou a decisão do Ministério Público Estadual (MP-MT) de denunciar o tenente-coronel Otoniel Gonçalves Pinto por matar o criminoso Luanderson Patrik Vitor de Lunas, que participou de um assalto à sua casa em novembro de 2023. O MP também pediu indenização para a família do criminoso por dano moral.
Em nota divulgada à imprensa, o coronel Mendes contestou a decisão do MP e afirmou que "vivemos um tempo de inversão de valores". Ele classificou a situação em que o bandido sai beneficiado como "bandidolatria".
"É difícil provar ao cidadão de bem que uma vítima de um assalto em sua própria residĂȘncia, ao defender a sua família, reagindo em legítima defesa, possa se tornar réu em uma ação penal por homicídio praticado contra aquele que o assaltou. Difícil explicar, ainda, que alguém disposto a roubar e matar possa levar ao tribunal do júri quem legalmente se defendeu na mesma proporção. Vivemos um tempo de inversão de valores, para dizer o mínimo", diz o trecho.
Otoniel também divulgou uma nota, onde explica sua versão sobre como ocorreu o assalto seguido da morte de Luanderson. Ele afirmou que, após sofrer com a ação criminosa dos bandidos, agora sofre violĂȘncia do Estado.
"Depois de suportar a violĂȘncia de um criminoso, vou enfrentar a violĂȘncia do Estado que me acusa de ser homicida por ter defendido minha família, meu lar, minha fortaleza!", disse Otoniel.
A Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar de Mato Grosso (ASSOF) declarou estar "perplexa e indignada" com a denúncia apresentada pelo Ministério Público Estadual ao juízo da 12ÂȘ Vara Criminal de CuiabĂĄ contra o Tenente Coronel da Polícia Militar.
"[Â ] A crítica ao Ministério Público (MP) não parte apenas da ASSOF, mas de todos os militares estaduais, que se veem chocados com a denúncia, a qual espera-se não prosperar perante os tribunais. [Â ] O representante do MP ainda foi mais longe, requerendo indenização à família pela morte do assaltante. Não hĂĄ muito o que falar, mas o sentimento de indignação dos policiais militares deve ser compartilhado por toda a sociedade", diz trechos da nota enviada à imprensa", diz trecho da nota enviada à imprensa.
O caso
No dia do crime, o tenente Otoniel havia chegado em casa após levar os filhos à escola. Ao entrar no imóvel, foi surpreendido por um dos criminosos, que o levou para o próximo andar, onde fez reféns sua esposa, Leila Cristina Lopes de Araújo, e seu sogro, Donato Alves de Araújo.
Após roubar alguns pertences de dentro da casa, Otoniel foi levado até a parte de baixo da residĂȘncia para abrir o portão para os assaltantes.
Depois de ser liberado, o PM voltou para dentro de casa e pegou uma arma. Ao sair na calçada, avistou um carro na frente da casa dando apoio aos criminosos. Nesse momento, Otoniel realizou oito disparos, atingindo Luanderson, que era o motorista. Ele morreu ainda no local.
Fonte: Jornal Da Cidade MT