Reprodução: Defesa Civil/AM
A situação climática no Brasil atingiu um ponto crítico com mais de mil municípios enfrentando seca severa ou extrema, marcando um aumento alarmante em comparação ao ano passado. Segundo o Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao governo federal, mais de três mil cidades estão afetadas por algum grau de estiagem, refletindo um dos piores cenários dos últimos anos.
O aumento na frequência e intensidade dos incêndios florestais é uma das consequências mais devastadoras dessa crise. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) alertou que 2024 registrou o maior número de focos de incêndio dos últimos 10 anos, resultado direto das condições climáticas adversas.
A seca, impulsionada pelo El Niño e pelo aquecimento dos oceanos em 2023, persiste apesar do fim desses fenômenos, afetando severamente estados como Amazonas, Acre, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, São Paulo e Tocantins. No Amazonas, onde comunidades já se recuperavam de uma seca histórica, a situação se agravou com rios secando precocemente, isolando vilarejos e levando as autoridades a recomendarem o estoque de alimentos.
O impacto econômico é evidente na agricultura e pecuária, com perdas significativas nas safras de café, leite e outros produtos agrícolas essenciais para o país. No Sudeste, São Paulo e Espírito Santo estão entre os estados mais afetados, com todas as suas cidades enfrentando diferentes graus de seca, exacerbando a propagação de incêndios que devastam vastas áreas.
Em São Paulo, o Sistema Cantareira, vital para o abastecimento de água na região metropolitana, opera com apenas 63% de sua capacidade, enquanto cidades como Itu e Piracicaba implementam medidas emergenciais devido aos reservatórios em níveis críticos. No Espírito Santo, a redução drástica nos níveis dos reservatórios compromete seriamente o abastecimento de água potável.
No Centro-Oeste, o Pantanal, bioma de grande importância ambiental, enfrenta grandes incêndios devido à seca prolongada, com o rio Paraguai registrando os níveis mais baixos de água em quase seis décadas. Em Mato Grosso do Sul, o rio Perdido secou em várias partes, impactando diretamente o fornecimento de água para centenas de famílias e a produção agrícola, que agora depende de caminhões-pipa para sobreviver.
No Norte, estados como Acre e Rondônia declararam estado de emergência diante dos baixos níveis dos rios e das altas temperaturas, exacerbando ainda mais a crise hídrica e colocando milhares de pessoas em risco.
Com previsões incertas para o restante do ano, especialistas alertam para a necessidade urgente de medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, visando proteger não apenas o meio ambiente, mas também a vida e a economia das comunidades afetadas por essa crise sem precedentes.
Fonte: Rota Araguaia